segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Os sonhos de Pedro Silva

Pedro Silva
Slackliner / Escalador
Estudante
B: Quais eram os teus sonhos de criança?
P.S.: Os meus sonhos de miúdo divergiam um bocado daquilo que é visto hoje em dia como o “normal”. Eu não sonhava em ser astronauta, mas lembro-me de ficar fascinado com os construtores civis que eventualmente iam fazendo uma ou outra obra lá em casa, e sonhei em vir a ser trolha quando fosse grande. Eu não sonhava em ser bombeiro, mas, e este foi motivo de muita brincadeira no meu seio familiar, sonhei em vir a ser vendedor de pipocas! Nunca sonhei em me tornar um grande médico ou ser um grande futebolista, mas sempre quis vir a ser como o Songoku! E sim, em parte, esse sonho ainda subsiste dentro de mim! Acredito que esses sonhos reflectiam em parte a educação que tive pelos meus pais. Uma educação humilde. Eu era o tipo de miúdo que chegava a casa da escola, ansioso por poder observar os calceteiros a construir o passeio, oferecer-lhes o lanche e poder estar na conversa com eles até se irem embora. Se eu ajudava ou atrapalhava… a minha memória diz-me que ajudava, mas o bom senso diz-me que provavelmente é uma memória falsa. (Risos) Os meus pais nunca me impingiram ideias ou ambições, por isso tive a oportunidade de ser fascinado por tudo o que achava incrível e diferente! E qual é o miúdo que não fica fascinado com uma máquina estranha de onde saem pipocas coloridas!?

B: Se pudesses fazer qualquer coisa para mudar a tua vida, o que farias?
P.S.: É uma pergunta difícil, pois acho que neste momento já estou a trabalhar para mudar a minha vida para aquilo que gosto de me imaginar a ser daqui a 10 anos. Mas claro, perseguir sonhos nunca é fácil, e muito menos quando envolvem um percurso desconhecido. Talvez eu gostasse de ganhar a coragem de me desfazer do meu Eu conformista e descartar a ideia de que preciso ter um plano de backup e seguir um percurso académico para ter futuro…

B: Quais são os seus sonhos atualmente?
P.S.: Eu adoro desporto, mesmo muito. Desportos radicais são a minha grande paixão, e todos os meus sonhos revolvem à volta deles. Há pouco menos de 3 anos tive a oportunidade de descobrir a escalada, e desde então a minha vida mudou radicalmente. O que antigamente eram prioridades, são agora memórias, e hoje tenho um estilo de vida diferente, embora tenha havido sempre desporto na minha vida, pois nunca consegui viver sem ele. Descobrir a escalada como desporto, foi em parte, a realização de um sonho que nunca tive, pois embora nunca me tivesse imaginado a ser um escalador, assim que me vi sendo um, senti-me bastante feliz. Mas nem tudo são rosas, e, embora com um percurso ainda pequeno dentro deste desporto, vi-me a lutar contra uma lesão muito comum na escalada, só que a minha, afeiçoou-se a mim, e acabou durando mais de um ano! Esta situação foi bastante frustrante para mim pois não me permitia dar o melhor de mim na escalada, e desde logo tive que arranjar substituto, senão iria dar em louco! Foi então que descobri a “slackline”, provavelmente a melhor coisa que me aconteceu em toda a vida, na qual fui eu o único interveniente claro, já que a melhor coisa que me aconteceu foi sem dúvida ter nascido na família a que pertenço. A slackline abriu-me ainda mais os horizontes para o que é possível ser feito por um ser humano, e pelo facto de praticar este desporto que adoro sempre sozinho e em público, libertou-me de vergonhas e medos que anteriormente tinha pois havia sido condicionado a viver sempre na companhia de algum amigo/grupo. Esta paixão por desportos menos comuns, e o percurso que a minha vida tomou por consequência, com as novas influências, escolhas e inclusive os novos grupos de amigos onde me inseri, acredito que me fizeram crescer como pessoa, ajudando na progressão de um outro sonho, que se trata de me tornar na melhor pessoa que eu puder. Hoje, sinto-me bastante realizado neste aspecto, com sonhos renovados e bem mais perto de os concretizar. Já concretizei um sonho, que se tratava de montar e testar a minha primeira “highline”, o desafio máximo psicológico dentro do desporto slackline, algo que acredito ter sido essencial para me fazer acreditar que posso continuar optimista com esta minha paixão. Mas claro que tenho ambições bem maiores! Quero caminhar o máximo possível de highlines, de todas as distâncias e alturas possíveis, quero bater o recorde nacional de distância numa slackline, e quero tentar aproximar-me do recorde mundial. Quero escalar pelo mundo fora, quero iniciar-me no desporto de B.A.S.E. jumping, quero praticar snowboard nos Invernos, enfim, tenho o sonho de poder viver para os desportos pelos quais me apaixonei. A nível profissional, sonho com o dia em que poderei ter um emprego ligado a estas paixões.

B: O que te faz sonhar?
P.S.: O que me faz sonhar são as pessoas incríveis que vejo diariamente no meu feed do facebook, as pessoas inspiradoras com quem converso em grupos de slackline, as pessoas com quem me identifico, que lutam pelos mesmos sonhos que eu tenho, e algumas, que já os conquistaram! O que me faz sonhar, é ter percebido que todas essas pessoas, não passam de pessoas normais, tal como eu, que se atreveram a pensar de forma diferente da sociedade actual, e se deixaram de tretas e puseram mãos ao trabalho. O que me faz sonhar é saber que eu, se realmente quiser, posso ter um percurso mais fácil ou difícil, mas ele está lá, só preciso de dar um passo à frente do outro, e caminhar a minha própria highline até ao fim!

Obrigada, Pedro.
Keep on dreaming!
www.bemore.pt 

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